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quarta-feira, 20 de maio de 2020

Após fritura, Regina Duarte deixa o comando da Cultura

O anúncio foi feito pelo presidente Jair Bolsonaro, em suas redes sociais


Regina Duarte deixa o Governo Bolsonaro após uma semana de fritura
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou nesta quarta-feira (20) que a atriz Regina Duarte deixará a Secretaria Especial de Cultura de seu governo.
Há menos de três meses no cargo, a atriz, que rompeu um contrato de 50 anos com a Globo para entrar no governo, assumirá agora a Cinemateca de São Paulo.
"Regina Duarte relatou que sente falta de sua família, mas para que ela possa continuar contribuindo com o Governo e a Cultura Brasileira assumirá, em alguns dias, a Cinemateca em SP. Nos próximos dias, durante a transição, será mostrado o trabalho já realizado nos últimos 60 dias", escreveu o presidente em suas redes sociais.
Ela permaneceu no cargo por dois meses e meio. Depois de um processo de fritura conduzido pela presidência e aliados, Bolsonaro anunciou nas redes sociais que ela assumirá a Cinemateca, em São Paulo.
É possível que seja lembrada pela classe artística, porém, pela inação em relação à cultura durante a crise do coronavírus.
Leia abaixo uma cronologia da gestão de Regina, da côrte para o cargo a sua saída.
17.jan - Noivado
Após a exoneração de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura, motivada pela emulação de um discurso nazista num vídeo oficial, em 17 de janeiro, Regina Duarte é convidada a assumir o cargo. As negociações são apelidadas de "noivado" pelo presidente Jair Bolsonaro e pela atriz. Na época, Bolsonaro cogita subordinar a secretaria de Cultura, num limbo entre os ministérios da Cidadania e do Turismo, diretamente à Presidência.

1.jan - Bronca
Ao publicar uma montagem com integrantes da classe artística que enviaram mensagens desejando sorte para ela como secretária junto da legenda "Artistas quebram o silêncio e apoiam Regina Duarte", a atriz recebe uma bronca de Carolina Ferraz num áudio do Whatsapp: "Não quero ser usada como alguém que está ali no teu Instagram, porque dá a entender que eu apoio o governo do Bolsonaro –e eu não apoio, Regina". Outros atores também pedem para ter sua imagem retirada da montagem, e a futura secretária de Cultura apaga a postagem.

3 e 4.mar - Posse
Depois de meses do noivado e a ruptura do contrato com a rede Globo, Regina Duarte enfim assume a Secretaria Especial de Cultura. Um dia antes da posse, demite, com o aval de Bolsonaro, seis nomes ligados à ala ideológica do governo, como o do secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, Camilo Calandreli.

Na posse em si, num evento de pouco prestígio da classe artística, ela promete pacificar a pasta e manter diálogo constante com os produtores de cultura.
Também reforça a promessa feita a ela de que teria liberdade para escolher seu time, ao que Bolsonaro responde que tem poder de veto às indicações.
A nomeação veio acompanhada de mais 12 exonerações, de novo de seguidores de Olavo de Carvalho. Entre elas, referente à presidência da Funarte, a Fundação Nacional de Artes, que sai do comando de Dante Mantovani, conhecido por ligar o rock ao satanismo num vídeo.
9.mar - Sem lua de mel
Em 9 de março, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, critica Regina nas redes sociais por ter usado o termo "facção" na sua primeira entrevista como secretária de Cultura, ao Fantástico. Na ocasião, ela afirmou que uma "facção" queria ocupar o seu lugar. "Quer que eu me demita, que eu me perca. Já tem uma hashtag #ForaRegina. Eu nem comecei!", disse.

19.mar - Coronavírus
Com a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil, Regina publica um vídeo no Instagram em que afirma que sua gestão anunciará medidas para flexibilizar os prazos para os projetos que captaram recursos de leis de incentivo federais, sobretudo a Lei Rouanet.

Mais de um mês depois do seu anúncio, em 22 de abril, a instrução normativa que permite a flexibilização dos prazos para projetos que usam leis de incentivo por causa da pandemia é enfim publicada no Diário Oficial da União. Nos bastidores, a demora é atribuída à falta de autonomia da Secretaria Especial de Cultura, dependente do Ministério do Turismo e do Ministério da Cidadania.
Enquanto isso, profissionais do setor, um das mais afetados pelo coronavírus, pressionam por medidas urgentes de socorro, como a liberação do Fundo Nacional de Cultura, sem sucesso.
23.abr - Fritura
Em 23 de abril, governo revoga a nomeação do pesquisador Aquiles Ratti Alencar Brayner para o cargo de diretor do Departamento de Livro, Literatura e Bibliotecas, da Secretaria da Economia Criativa, da Secretaria Especial da Cultura, publicada seis dias antes. Ao longo da semana anterior, o pesquisador foi chamado de "esquerdista infiltrado", "esquerda caviar" e "esquerdista de carteirinha" em redes sociais e sites bolsonaristas.

Em 28 de abril, Bolsonaro começa o processo de fritura de Regina Duarte. À imprensa, o presidente reclama de sua ausência de Brasília, mas nega a possibilidade de demissão. Nos bastidores, afirma a aliados que espera que parta da própria Regina a decisão de deixar o governo e dá carta branca para que seus apoiadores a critiquem. Mesmo com a pressão de opositores e da própria família, a atriz resiste.
5. mai - Morde e assopra
O maestro Dante Henrique Mantovani, exonerado por Regina logo após a posse, é devolvido à presidência da Funarte. No início da noite, o presidente tornou a nomeação sem efeito. Apesar do recuo, Bolsonaro dá sinais de que quer manter a força da ala ideológica no governo e, consequentemente, a militância bolsonarista aguerrida nas redes sociais.

6.mai - Reunião com desafeto
Após o vaivém da Funarte, Regina é recebida por Bolsonaro para um almoço no Palácio do Planalto. Apesar da expectativa da demissão, o encontro tem clima de descontração, segundo relatos feitos à Folha.

Entre os convidados, estava o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que frequentemente critica a atriz nas redes sociais. Regina, que na entrevista ao Fantástico chamou Camargo de "ativista, mais que um gestor público", planejava destitui-lo do cargo, mas não conseguiu.
7.mai - Chilique
Numa entrevista à CNN, Regina minimiza mortes na ditadura militar, canta um dos hinos do regime, "Pra Frente Brasil", e diz que a pandemia do novo coronavírus estava "trazendo uma morbidez insuportável".

A secretária encerra a entrevista abruptamente quando é confrontada com um vídeo em que uma colega, Maitê Proença, pede soluções para a classe artística em meio à pandemia. "Telespectadores, desculpem o chilique", disse Regina, antes de que ouvisse o vídeo. "Tá desenterrando o vídeo da Maitê para quê? Ela tem o meu telefone, ela fala comigo."
"Eu tinha tanta coisa bacana para falar. Vocês estão desenterrando mortos", disse a atriz. Logo em seguida, a entrevista foi encerrada.
19.mai - Honra
Em meio ao processo de fritura, Regina recorre à deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) para construir uma saída honrosa da Secretaria Especial da Cultura. A deputada federal deverá indicar nomes para a Cultura, uma vez que as escolhas feitas por Regina foram derrubadas por ela mesma ou pelo presidente Jair Bolsonaro.

20.mai - Saída
O presidente Jair Bolsonaro anuncia, nas redes sociais, que Regina disse sentir falta da família e por isso assumirá o comando da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, mais perto de sua casa.

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